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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Porque escrevo? Não to sei dizer.

Escrevo.
Por que escrevo? Não sei, não to sei dizer, ainda que sondasse as profundezas da minha mente.
Desculpa se te incomodo com estas palavras tontas, vazias de sentido, com estórias insignificantes para o correcto, digno e prazeroso desenrolar da tua vida, para a edificação da tua cultura.
Não escrevo para ti, escrevo para mim.
Escrevo.
Quando escrevo? Não sei, não to sei dizer. Não mo peças, não o farei, não sob pressão como se de um autómato me tratasse.
Sou um universo complexo, denso, profundo, com mistérios insondáveis, constituída por milhares de partículas que se inter-relacionam entre elas sem me pedir licença, com vontades próprias, pensamentos próprios, com vidas próprias e independentes de mim, que as albergo sem saber como. Fazem parte de mim mas não me pertencem realmente, não sei o que pensam, o que sentem, o que dizem, o que respiram, de que se alimentam.
São estas partículas ínfimas, mais pequenas que a milésima parte do milímetro, que me compelem a escrever.
Por quê? Quando? Sobre o quê?
Não sei. Não to sei dizer, ainda que me submeta a uma qualquer sessão de psicoterapia, de psicologia, de psicanálise.
Pergunta-lhes a elas, são elas as responsáveis, têm elas a culpa desta minha situação, situação esta em que me sinto compelida a escrever em modo de transe, sem saber onde os meus dedos me levam, sem saber a que sítios o meu pensamento me conduz. São elas as responsáveis, não eu. Eu sou um mero instrumento, constituído por milhares de partículas independentes, elas possuem-me, são minhas mestras, conduzem-me qual pessoa vendada que não sabe onde vai mas confia.
Escrevo.
Por que escrevo? Não sei. Não to sei dizer, já te disse, repito-te, pergunta-lhes a elas, elas saberão. Poderão não to querer dizer. Não me admiraria, sabes? Nem a mim, ser irracional que conduzem pela arte de junção de letras e palavras, mo dizem.
Escrevo para respirar. Escrevo para viver. Respiro? Vivo? Não sei. Não sei o que é respirar, não sei o que é viver, afinal de contas é tudo relativo, não achas?
Escrevo.
Por que escrevo? Não sei.
Não mo perguntes, já te disse, não me pressiones, não vale a pena.
Escrevo porque sou eu, constituída por estes milhares de partículas que me preenchem sem se darem a conhecer.
Escrevo porque escrevo.

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